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Ago 09

É interessante pensar sobre isso. Na escola tudo é muito abstrato, muito confuso. Você lê o suficiente pra pensar que sabe ou entende sobre o assunto. Mas as coisas são bem diferentes, porque papéis não possuem emoção, letras não traduzem sensações, apenas explicam possíveis reações do seu corpo há determinados estímulos. Sinceramente tudo é muito intenso, os sentimentos, as vontades, os medos não cabem em dez mil parágrafos. Onde colocar a mão, como colocar, o que você provoca no outro, o que ele te causa, e etc, etc, etc. E quando as bocas sussurram, as mãos gritam, os olhos se fecham pra que os outros sentidos trabalhem sozinhos, tentando traduzir o desejo que se espalha pelo corpo. Isso é concreto.

A vontade dilacerante pela pele do outro, o fogo transbordando de todas as partes do seu corpo. E depois a calma, a paz quase palpável da situação. E pra mim sexo é o amor no estado físico, assim como paixão é um estado mental.

É a energia que circula pelos dois corpos num momento quase eterno, em segundos aonde nada mais importa além de vocês dois. Também tem a parte nojenta e constrangedora, porque fazer isso exige intimidade, nem sempre envolve respeito, mas sempre prazer. E é em busca disso que a maioria procura um alguém, um corpo, um objeto de manuseio. Uma vez alguém*(Israel) me disse que era fácil e difícil: fácil porque se pode arrumar qualquer um pra fazer isso, pra transar não precisa amar, nem respeitar, nem conversar, nem entender, resumindo, é como se o homem tivesse uma porca e a mulher um parafuso, (apesar de existir o sexo homossexual) um só precisa do outro (as vezes, tem gente que faz disso um esporte solitário, ou um jogo de futebol, depende do gosto. ), e ao mesmo tempo é difícil, porque quando você gosta de alguém se importa, com tudo. Com o respeito, com a conversa, com o entendimento e também com o prazer. Com dar (literalmente) o seu melhor.

É eu nunca falei sobre isso, mas será que é vulgar falar sobre sexo, dessa forma que estou falando? É por que sou virgem e só posso falar sobre isso se fizer? Por que isso não é coisa de menina "direita"?

Sempre me fizeram acreditar nisso, que moças "direitas" não falam sobre isso, e quando fazem estão limitadas por uma série de regras e medos.

No carnaval desfilam centenas de mulheres com roupas do tamanho de uma tecla do meu teclado. E nas novelas as pessoas não só falam sobre, como também fazem. O Brasil é um país quente, e não me refiro só ao clima, as pessoas respiram sexo: nas propagandas, nas musicas, nas roupas. Sei que muitas mulheres simplesmente não falam sobre isso (de repente eu me sinto meio mulher, meio amadurecida) seja pela criação, ou por vergonha, ou por acharem que sabem o suficiente, ou porque não se interessam. Mas, penso de uma forma diferente, porque tudo o que é feito a dois, precisa de explicação. E quero entender..antes de fazer e me arrepender por não ter aproveitado ao máximo meu "momento virgem", alguns querem acabar logo com isso, ou demorar, ou nem pensam sobre o assunto, mas é seu corpo..que vai ser dividido com outra pessoa.

E isso, não acontece assim, de uma hora pra outra, vocês dois sentados no sofá e um vira pro outro e diz: Então, vamos fazer agora ou daqui a meia hora? Esse treco tem uma preparação, tem os amassos, ou "preliminares" (como me ensinaram :P só que preliminares dá a entender que haverá algo depois do pré- o que não é o meu caso..ainda :?) aonde cada vez tem uma quebra de limites, que pode ser comparada á apontar um lápis, se você começou não tem mais como parar, tem de ir apontando até o fim.

Sexo envolve uma parcela mínima de amor, é aquele tiquinho que fica no fim da panela de brigadeiro. E amor, também exige o mínimo de sexo, isso foi a Rita que me ensinou "Sexo é imaginação, fantasia, amor é prosa, sexo é poesia, amor é um sexo é dois". Porque de alguma forma eles devem se completar, em algum momento, quando fazer os dois em situações diferentes não te faz sentir nada, é nesse momento que você descobre que um pode até existir sem o outro mas nunca vai ser tão bom quanto poderia ser se estivessem juntos.

Não sei se quando eu resolver esse pequeno problema (se é que podemos chamar assim u.ú) eu vou contar pra vocês, por isso sim, acho íntimo demais pra expor no blog, mas..o resto. Affê só falta agora eu falar de política e futebol, aí isso aqui vai virar um puteiro (com o perdão da palavra). Então..contanto que não me mandem textos eróticos, links pornôs, sites impróprios para menores de 18 anos (okai, eu tenho 18, mas não to afim de ver!) aceito feedback numa boa.

 

comece esta canção e toda a envolva.

Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,

reúne alma e desejo, membro e vulva.

Quem ousará dizer que ele é só alma?

Quem não sente no corpo a alma expandir-se

até desabrochar em puro grito

de orgasmo, num instante de infinito?

O corpo noutro corpo entrelaçado,

fundido, dissolvido, volta à origem

dos seres, que Platão viu completados:

é um, perfeito em dois; são dois em um.

Integração na cama ou já no cosmo?

Onde termina o quarto e chega aos astros?

Que força em nossos flancos nos transporta

a essa extrema região, etérea, eterna?

Ao delicioso toque do clitóris,

já tudo se transforma, num relâmpago.

Em pequenino ponto desse corpo,

a fonte, o fogo, o mel se concentraram.

Vai a penetração rompendo nuvens

e devassando sóis tão fulgurantes

que nunca a vista humana os suportara,

mas, varado de luz, o coito segue.

E prossegue e se espraia de tal sorte

que, além de nós, além da própria vida,

como ativa abstração que se faz carne,

a idéia de gozar está gozando.

E num sofrer de gozo entre palavras,

menos que isto, sons, arquejos, ais,

um só espasmo em nós atinge o clímax:

é quando o amor morre de amor, divino.

Quantas vezes morremos um no outro,

no úmido subterrâneo da vagina,

nessa morte mais suave do que o sono:

a pausa dos sentidos, satisfeita.

Então a paz se instaura. A paz dos deuses,

estendidos na cama, qual estátuas

vestidas de suor, agradecendo

o que a um deus acrescenta o amor terrestre.

Extraído do livro O amor natural, Carlos Drummond de Andrade

 

O Drummond só autorizou a publicação deste livro após sua morte, ele tinha medo que o achassem imoral, que perdesse crédito.  Eu ainda amo o Drummond. Isso me torna imoral? tomara qe sim.

"Oh! Sejamos pornográficos

(docemente pornográficos)

Carlos Drummond de Andrade.

 

 Amor - pois que é palavra essencial

publicado por serenaatedemais às 22:51
Precisando de : compreensão.
Ouvindo: Sexo - Oswaldo Montenegro

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